em círculos
rodeando o tapete da sala
a tontura toma conta da mente à deriva
os pensamentos inexatos teimam sua orquestração
giros mais rápidos
fúria dos sentidos lateja no sangue que corre
toda a paisagem paira sobre a imagem, de repente
Sunset, de Van Gogh
esse outro que é presença incriminando a ausência a falta
louco concentrado vermelho sol sangrando tudo
o que imergiu no próprio ser numa viagem sem volta sem rota
o outro eu que se esconde no que não sou em mim mas do que me importa
terra terra terra a resistir na água
perpétua partida fugidia solitária deseja raízes no que é alga em vagas marinhas
tece e canta a trama do vento borrasca as nuvens que se borram
desfaz a face serena reviravolta a volta volta os passos torpes
desfiladeiro nos detalhes em que mergulha o pesar de sol cansado
e a lua a lua erótica a suscitar delírios
a cabeça do fogo afoga para que, na água, busque esquecer
busque a verdade como o ar e à tona...
a face incessante insiste e vence