escava-se o solo pátrio,
mas a língua, ferida,
não cabe na cova,
nem cabe a vergonha
do povo que sangra
em trincheiras
de classes
escava-se o solo,
são fósseis frágeis
numa terra que perde
suas árvores
e amplia suas sombras
mas os ossos
resistem
empunhando palavras
mesmo trincados,
mancos caminham
em frente
sustentando as vozes
de uma legião de famintos
*Poema em homenagem aos professores massacrados em 29 de abril, em Curitiba.