sábado, 9 de maio de 2015

giz em aguarrás


escava-se o solo pátrio,
mas a língua, ferida,
não cabe na cova,
nem cabe a vergonha
do povo que sangra
em trincheiras
de classes

escava-se o solo,
são fósseis frágeis
numa terra que perde
suas árvores
e amplia suas sombras

mas os ossos
 resistem
empunhando palavras

mesmo trincados,
mancos caminham
em frente
sustentando as vozes
de uma legião de famintos



*Poema em homenagem aos professores massacrados em 29 de abril, em Curitiba.