desertor
silêncio e sulco e asco a vaidosa flor descampada sobre auto em estrada que se
perde de Espanha da mulher de cão raivoso porque sem campo ou flor ou auto que
o leve a nada rosna e baba finda
mordiscando os tornozelos alvos da mulher linda que dança enquanto a gata
sepulta os olhos do cão com suas unhas pula através do silêncio eriçando os
pelos vaidosa e o sangue o sulco o coágulo os olhos entre espelhos quebrados e
o asco sim o asco do pó que em pó ao pó torna toda a Espanha apenas uma estrada
e não uma mulher que ruma numa vala a esquadrinhar caminhos com as próprias
unhas para esquecer seus olhos numa terra desconhecida e entre as plantas que
restam um lastro de seu vestido uma flor arrancada em grito um gemido um soluço
um suspiro e a sede de sua voz nas
cordas de um violino