terça-feira, 7 de julho de 2020

esse ofício do verso


trabalhar a libertinagem
                  da linguagem
para além da língua
                     e do erotismo
das palavras

escavar o fóssil
               da fala
abaixo dos ruídos
anteriores ao símbolo

evoé!
        matéria espanto?
        não só: trabalho

ofício de sangue
envereda história

a carnadura das páginas
onde a liberdade
é um mero trocado
tentando comprar
a eternidade




nota: tenho hábito de escrever por toda a parte. vez e outra acho um poema perdido por um livro de minha biblioteca. este encontrei numa antologia de Cecília Meireles, mas num flagrante diálogo (já pelo título) com uma leitura que fazia de Borges, na época. datado de 24/03/2015.